Sabemos que os originais (autógrafos) dos Evangelhos, tais como sairam das mãos Mateus, Marcos, Lucas e João, se perderam, dada a fragilidade do material usado (pele de ovelha ou papiro). Entretanto, ficaram-nos as cópias antigas desses originais, que são os papiros, os códices unciais (escritos em caracteres maiúsculos sobre pergaminho), os códices minúsculos (escritos mais tarde em caracteres minúsculos) e os lecionários (antologias de textos para uso litúrgico). Conhecem-se cerca de 5236 manuscritos do texto original grego do Novo Testamento, comprovados como autênticos pelos especialistas. Estão assim distribuídos: 81 papiros; 266 códices maiúsculos; 2754 códices minúsculos e 2135 lecionários.
a) Os papiros são os mais antigos testemunhos o texto do Novo Testamento. Estão assim distribuídos pelo mundo:
Número
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Conteúdo
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Local
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Data (Séc.)
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p1
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Evangelhos
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Filadélfia(USA)
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III
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p2
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Evangelhos
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Florença
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VI
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p3
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Evangelhos
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Viena (Áustria)
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VI/VII
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p4
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Evangelhos
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Paris
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III
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p5
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Evangelhos
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Londres
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III
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p6
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Evangelhos
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Estrasburgo
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IV
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p7
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Atos
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Berlim
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IV
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b) Os códices unciais são verdadeiros livros de grande formato, escritos em caracteres maiúsculos (unciais). Uncial vem de "uncia", polegada em latim. Eis a relação de alguns deles:
Códice
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Conteúdo
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Local
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Data (Séc.)
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Aleph 01 (Sinaítico)
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N.T.
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Londres
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IV
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A 02 (Alexandrino)
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N.T.
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Londres
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V
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B 03 (Vaticano)
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N.T. (menos Ap.)
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Roma
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IV
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C 04 (Efrém rescrito)
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N.T.
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Paris
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V
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D 05 (Beza)
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Evangelhos
Atos
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Cambridge
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VI
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D 06 (Claromantono)
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Paulo
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Paris
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VI
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Escritor
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Época do escritor
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Tempo decorrido entre
o escritor e a primeiracópia de suas obras.
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Virgílio
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19 aC
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350 anos
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Tito Lívio
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17 dC
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500 anos
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Horácio
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8 aC
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900 anos
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Júlio César
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44 aC
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900 anos
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Córnélio Nepos
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32 aC
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1 200 anos
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Platão
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347 aC
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1 300 anos
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Tucídides
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395 aC
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1 300 anos
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Eurípedes
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407 aC
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1 600 anos
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Evangelho de São Marcos - É também o Bispo de Hierápolis, Pápias (†130) que dá o primeiro testemunho do Evangelho de Marcos, conforme escreve Eusébio:
"Marcos, intérprete de Pedro, escreveu com exatidão, mas sem ordem, tudo aquilo que recordava das palavras e das ações do Senhor; não tinha ouvido nem seguido o Senhor, mas, mais tarde...., Pedro. Ora, como Pedro ensinava, adaptando-se às várias necessidades dos ouvintes, sem se preocupar em oferecer composição ordenada das sentenças do Senhor, Marcos não nos enganou escrevendo conforme recordava; tinha somente esta preocupação, nada negligenciar do que tinha ouvido, e nada dizer de falso" (Eusébio, História da Igreja, III, 39,15).
Evangelho de São Lucas - O Prólogo do Evangelho de S. Lucas, usado comumente no século II, dava testemunho deste Evangelho, ao dizer: "Lucas foi sírio de Antioquia, de profissão médica, discípulos dos apóstolos, mais tarde seguiu Paulo até a confissão (martírio) deste, servindo irrepreensivelmente o Senhor. Nunca teve esposa nem filhos; com oitenta e quatro anos morreu na Bitínia, cheio do Espírito Santo. Já tendo sido escritos os evangelhos de Mateus, na Bitínia, e de Marcos, na Itália, impelido pelo Espírito Santo, redigiu este Evangelho nas regiões da Acaia, dando a saber logo no início que os outros Evangelhos já haviam sido escritos."
Evangelho de São João – é Santo Ireneu (†202) que dá o seu testemunho:
"Enfim, João, o discípulo do Senhor, o mesmo que reclinou sobre o seu peito, publicou também o Evangelho quando de sua estadia em Éfeso. Ora, todos esses homens legaram a seguinte doutrina: ... Quem não lhes dá assentimento despreza os que tiveram parte com o Senhor, despreza o próprio Senhor, despreza enfim o Pai; e assim se condena a si mesmo, pois resiste e se opõe à sua salvação – e é o que fazem todos os hereges". (Contra as heresias)
Mas alguém poderia perguntar ainda, quem pode provar a veracidade dos Evangelhos? Pois bem, a crítica Racionalista dos últimos séculos empreendeu com grande ardor o estudo crítico dos Evangelhos, com a sede maldosa de destruí-los. A que conclusão chegaram? Empregando os "métodos das citações", "das traduções", "o método polêmico", e outros, tiveram que afirmar como Renan, racionalista da França, na sua obra "Vie de Jesus":
"Em suma, admito como autênticos os quatro Evangelhos canônicos".
Harnack, racionalista alemão, foi obrigado a afirmar:
"O caráter absolutamente único dos Evangelhos é, hoje em dia, universalmente reconhecido pela crítica" (Jesus Cristo é Deus ? José Antonio de Laburu, ed. Loyola, pág. 55).
Streeter, grande crítico inglês afirmou que:
"Os Evangelhos são, pela análise crítica, os que detém a mais privilegiada posição que existe"( idem).
Os mais exigentes críticos do século XIX, Hort e Westcott, foram obrigados a afirmar:
"As sete oitavas partes do conteúdo verbal do Novo Testamento não admitem dúvida alguma. A última parte consiste, preliminarmente, em modificações na ordem das palavras ou em variantes sem significação. De fato, as variantes que atingem a substância do texto são tão poucas, que podem ser avaliadas em menos da milésima parte do texto" (idem pág. 56).
Finalmente os racionalistas tiveram que reconhecer a veracidade histórica, científica, dos Evangelhos:
"Trabalhamos 50 anos febrilmente para extrair pedras da cantaria que sirvam de pedestal à Igreja Católica?" (ibidem).
Fonte: LIVRO "ESCOLA DA FÉ II" do Prof. Felipe de Aquino
Editora Cléofas - CP 100, CEP 12600-970 - Lorena - SP
Tel (0xx12) 5526566
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